quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CANAVIEIRAS DESBANCA SÃO PAULO E PROVA QUE O RODÍZIO COMEÇOU AQUI

Por Walmir Rosário
Parece que os historiadores têm memória curta! Impossível não se lembrarem de que rodízio de serviços prestados pelo governo e suas concessionários são coisa deste mundo moderno. Aí que vocês se enganam. Basta botar a mão na cabeça e puxar pela memória que vão se dar conta que não é São Paulo a pioneira no sistema de rodízio, nem mesmo a circulação de veículos, inaugurado anos atrás, nem o de água, cantado e reclamado em verso e prosa até os dias de hoje.
Já deveria estar inscrita no Guines Book, o livro de recordes, caso algum canavieirense de memoria e boa vontade assim quisesse. Bastaria um simples telefonema, um simplório e-mail para os gringos conferirem o feito e desbancar São Paulo. Pois fiquem sabendo quem interessar possa que esse feito ainda vai ser motivo de orgulho, com livros de teses escritos para comprovar essa orgulhosa marca. Para que se restabeleça a verdade, São Paulo pode, no máximo, alcançar o segundo lugar.
Esse motor ainda é pequeno em comparação ao Locomóvel
E era a “Locomóvel”, nome de batismo popular dado à possante máquina que aportou por aqui à bordo de um vapor da Bahiana e transportada à rua Ruy Barbosa, local de sede da briosa “Luz e Força”, ou para os menos esclarecidos o motor de luz. Quem não lembra da festa iniciada com discursos e foguetórios para comemorar a chegada de um potente motor de luz! Era a glória, para os políticos de então, a começar pelo prefeito Edson Castro, autor do pedido.
E chamava a atenção o tamanho da Locomóvel, que para os mais viajados parecia um motor de navio transatlântico, embora para outros se tratasse de uma cabeça de locomotiva vinda do exterior para gerar energia elétrica de qualidade em Canavieiras. Nem mesmo essa grandeza toda seria capaz de fornecer a potente iluminação – se comparada aos candeeiros, fifós, placas e aladins das residências – em toda a cidade.
Como a potencia foi reconhecida insuficiente, um conhecido eletricista recomendou ao prefeito que não se avexasse com isso e estabelecesse um rodízio no fornecimento da moderna energia elétrica disponível das 18 às 23 horas. E a energia se despedia solenemente, com os devidos avisos de antecedência do desligamento, para dar tempo aos notívagos e os mais afoitos casais de namorados chegarem a casa ainda no claro.
– Vai ser batata! – disse o eletricista ao prefeito, detalhando o projeto na ponta da língua:
– Num dia, a gente liga as ruas Ruy Barbosa (onde ficava a Locomóvel), rua 13 (que ainda não era Octavio Mangabeira), General Pederneiras e dos Pescadores. No outro será a vez do complexo de praças da Bandeira, 15 de Novembro, São Boaventura e a avenida J. J. Seabra (hoje ACM). No terceiro dia seriam contempladas a, Benjamim Constant, Marechal Deodoro e Barão de Cotegipe –.
E assim foi vivendo a sociedade canavieirense, que marcavam suas festas e demais eventos sociais para os dias de clarão em sua residência, gozando, portanto, das modernidades de então. Mas como a teoria de Murphy nos ensina que não existe nada ruim que não possa piorar, eis que a gloriosa Locomóvel bateu biela, quebrou pistom, queimou válvulas e chegou ao fim de linha. Eis que o que era ruim ficou pior.
Eram os tempos do prefeito Osmário Batista, que prometeu substituir a Locomóvel por um gigantesco motor, equipamento vindo do exterior, não se sabe ao certo se Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Mas vinha com a missão de iluminar todo o território canavieirense, até a distante Potiraguá, ainda dentro dos seus domínios. Também não deu certo e o possante motor, logo apelidado de “elefante branco”, dada a sua pífia serventia.
Foi o caos. Mas eis que as gestões políticas e uma comissão de alto nível liderada pelo prefeito Edmundo Lopes de Castro fez ver ao governador Lomanto Júnior que uma cidade do porte e da importância de Canavieiras não podia ficar às escuras, sob pena dos eleitores não acertarem nem mesmo depositar os votos nas urnas.
Diante de tão qualificado e irrecusável apelo, eis que no dia 13 de dezembro de 1963 três conjuntos de moto geradores doados pelo governador Lomanto Júnior começam a funcionar, justamente no dia consagrado a Santa Luzia. Com isso, a Locomóvel foi aposentada e hoje, sequer, lembram dela, caiu no mais absoluto esquecimento.
Entretanto, os três pequenos conjuntos de moto geradores não se encontravam à altura dos costumes de tradições de Canavieiras. É certo que deu sua contribuição, aumentando em uma hora o fornecimento de energia elétrica – das 18 às 24 horas – o era um considerável avanço, mas a vida noturna, a boemia, já não podia continuar às escuras, o cinema pretendia exibir uma segunda sessão, o clube social continuar as festas até o raiar do dia e sem energia nada disso seria possível.
Foi então que no fatídico dia de 23 de agosto de 1973, sob as benções de Antônio Carlos Magalhães e do prefeito João Perelo, Canavieiras se integra ao seleto grupo de cidades interligadas ao sistema da Barragem do Funil e quiçá o moderno sistema de Paulo Afonso. Um dia como esse era especial e merecia uma comemoração à altura do benefício.
Imediatamente, um grupo de rapazes alegres e chegados a um dia de folguedos sugerem – ou melhor, já levaram pronto – o ato oficial para decretar feriado em todo o Município, inclusive no Banco do Brasil. E assim foi feito: O prefeito João Perelo assinou o decreto e a cachaçada “comeu no centro” até altas horas do dia seguinte.
Festejou-se muito, para nada! É que o governador Antônio Carlos Magalhães, o “Toinho Ternura” – que tinha fiat lux –, não estava presente às comemorações da nova iluminação e marcou uma nova data, 23 de outubro de 1973, esta oficial, com direito a aplauso de toda a sociedade. E para isso, um novo feriado foi decretado – também com a ajuda do grupo Tolé, Tedesco e cia.. – com o competente fechamento dos banco.
Mais uma homérica cachaçada, em que até um professor e ex-pastor – um homem de Deus, portanto – se juntou à gandaia. Uma festa de arromba, digna do esquecimento da Locomóvel, máquina usada e abusada para não deixar a cidade às escuras, mas agora aposentada e enterrada num ferro-velho qualquer desse Brasil afora.
Tolé até hoje ainda se lembra da maldade que fez com “velho professor” e da homérica ressaca sofrida. Mas, o que fazer, se até o Dr. Boinha Portela tinha colocado toda as mercadorias de O Berimbau à disposição dos amigos, com a recomendação expressa dada a Neném de Argemiro de não cobrar nada de ninguém, pois a farra seria bancado do seu próprio bolso.

Realmente, foi por uma causa justa, justíssima!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

TODA AUSÊNCIA É ATREVIDA, MAS O CASTIGO NÃO TARDARÁ


Moqueca de Ovas de peixes
Como é amplamente sabido, o brasileiro aposta que toda a lei sancionada não vai pegar.. E isto está acontecendo até na Confraria do Berimbau, para o espanto dos confrades. Ainda nesta semana, apesar da ampla divulgação da entrada em vigor do Decreto-Lei que regulamenta o oferecimento dos tira-gostos, que obedece a uma lista de espera.
Pois não é que logo no primeiro sábado do instrumento legal em vigor, um dos confrades desafiou o Decreto-Lei 001-2015, chegando, de forma sorrateira e sem-cerimônia, com um prato de carne suína assada, deixando-a em cima do balcão. Imediatamente foi chamados às falas por tamanho desrespeito, denunciado e aguarda julgamento sumário.
Moqueca de Ovos de Galinha caipira
O confrade, cujo nome será mantido em sigilo até o julgamento, não conseguiu tirar o brilho das iguarias previamente anunciadas para o sábado (21): uma travessa de moqueca de ovas de peixe e outra de igual proporção de ovos de galinha, trazidas pelos confrades Hipólito e José Alves, respectivamente. Bom que se anuncie que os dois pratos já se encontravam devidamente inscritos para a assembleia semanal.
Na próxima semana, será a vez da especialidade de Carlos Niella, uma suculenta panelada de rabada bovina, iguaria utilizada pelo confrade para receber os amigos mais chegados.

Com a palavra, o Secretário Plenipotenciário da Confraria do Berimbau, que não costuma tergiversar nos assuntos jurídicos da Entidade, aplicando os rigores da Lei, custe o que custar...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

AGORA É LEI. PRA LEVAR TIRA-GOSTO TEM DE ENTRAR NA FILA


Secretário Plenipotenciário lê o Decreto-Lei
Bem que avisei que a ostentação não é um comportamento adequado para um botequim do nível de o Berimbau, mas como não acreditaram, deu no que deu. De acordo com Decreto-Lei editado, lido ao vivo e publicado no mural pelo Secretário Plenipotenciário do Berimbau, Antônio Amorim Tolentino, o Tolé, quem se candidatar a levar qualquer prato tem que se increver e entrar na fila de espera.
E, ainda por cima, tem que obedecer a uma série de trâmites burocráticos para que o seu prato seja aprovado, para que possa saciar o apetite dos membros presentes às sessões de sábado da Confraria do Berimbau. Nada mais é aleatório e é preciso conhecimento prévio das iguarias gastronômicas, com a finalidade de verificar se está de acordo com os padrões gustativos e conformidade com as questões de saúde pública.
Tolé publica o Decreto-Lei no mural
Pois em atitude solene, no sábado passado (14), em pleno reinado de Momo, com o Berimbau devidamente enfeitado com motivos carnavalescos, eis que o Secretário Plenipotenciário impõe respeito às normas e lê, item por item, os termos do Decreto-Lei.
E de considerando em considerando, é uma obrigação da Confraria do Berimbau zelar pela saúde e bem-estar dos confrades e que a grande ingestão de tira-gostos poderá causar certo desconforto nos delicados aparelhos digestivos, além do consequente crescimento de protuberância abdominal, conhecida vulgarmente como barriga.

Fila de Confrades para levar os tira-gostos





Democraticamente imposto, o “tenho dito” do Secretário Plenipotenciário deu início ao fim do atual quadro de congestionamento de tira-gostos reinante na Confraria do Berimbau. Imediatamente, os confrades interessados fizeram suas inscrições em livro próprio e ainda nesta semana serão informados os deferimentos e indeferimentos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Medidas urgentes deverão ser tomadas para evitar congestionamento de tira-gostos

Após a profusão de tira-gostos, um panelação de "galada"
A Confraria do Berimbau atravessa um dos seus piores problemas, nunca antes verificados em toda sua existência: o congestionamento de comidas e tira-gostos. O secretário Plenipotenciário da Confraria, Antônio Amorim Tolentino (Tolé), já estuda a implantação de medida corretivas e moralizadoras com a finalidade de corrigir esse grave problema.
O assunto já está sendo tratado como uma bagunça generalizada, embora a organização nunca tenha sido o “forte” dos confrades. O tema está sendo considerado um desvio de finalidade e merece um estudo aprofundado, no sentido de evitar a continuidade do costume. O excesso de tira-gostos já está sendo visto como de saúde pública, com risco de aumento no volume da silhueta abdominal dos confrades.
Após as reclamações, o Secretário Plenipotenciário prometeu um estudo profundo sobre o problema e tomar as medidas cabíveis para solucionar tal aberração. Na reunião deste sábado (14), estão sendo esperadas atitudes moralizadores com o objetivo de corrigir os desvios de conduta na vetusta entidade.