sábado, 27 de agosto de 2016


NIELA COMEMORA ANIVERSÁRIO EM O BERIMBAU; SÓ ALBERTO FISCAL NÃO GOSTOU DA RABADA


Panelão de rabada do aniversário de Niela
Em alto estilo foi comemorado, neste sábado (27), o aniversário de Carlos Antônio Niela na Confraria de O Berimbau. Afinal, não é todo o mundo que têm a felicidade de atravessar a casa dos 79 anos com todo o gás, comendo uma suculenta rabada com legumes, acompanhada de de boas cachaças e cervejas bem gelada.
O niver, planejado com dois meses de antecedência, consumiu dedicação de Zé do Gás para preparar toda a decoração do ambiente e a confecção do bolo, para as comemorações. Por isso, nada foi esquecido e o ágape ocorreu em pleno clima de felicidade, para o gáudio e satisfação dos confrades.

Conforme prometido, o prato de resistência foi a rabada com legumes, que chegou com um pequeno atraso, já que o aniversariante não aceitou o apoio de Nélson Barbosa na logística do transporte da rabada até O Berimbau. Fez bem, pois a segurança de uma iguaria desse naipe não pode ser descuidada. A única ausência notada foi a de Alberto Fiscal, qu
Niela corta o bolo com a vela a meio pau
 preferiu passar o dia no interior de Camacã, veraneando na pousada do seu irmão Boca de Twitter, como é mais conhecido. Pelo que ficou evidenciado nas conversas entre os confrades, o único que não gosta da rabada de Niela é Alberto Fiscal, por motivos desconhecidos. 
Agraciado pela Confraria de O Berimbau com um bolo com uma velinha a meio pau, Niela cumpriu todo o ritual a ser seguindo pelos aniversariantes, ao cuspir no bolo enquanto tentava apagar a velinha. 
Ao final, com todas as gafes cometidas e aqui não reveladas, fica apenas o registro de que o bolo foi decorado com um guaiamum, coisas que somente os confeiteiros, como Zé do Gás pode revelar.
Bolo decorado com guaiamum
O detalhe especial ficou por conta do confrade Raimundo Antônio Tedesco, que "amuou" na mesa onde ficou localizado o prato principal - a rabada - até que não restou nem um ossinho. Ao final, a título de sobremesa, foram servidos pães de sal recém-saídos do forno, para serem comidos com o caldo gorduroso da rabada.
E todos continuaram felizes para sempre.
Tedesco "amuou" na panela de rabada

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ágape de sustança na reinauguração d' O Berimbau

Buchada de bode, prato de sustança
E a Confraria d'O Berimbau se renova e inaugura neste sábado novas instalações. Nem todos os confrades aprovaram as mudanças introduzidas por Zé do Gás, principalmente os mais conservadores. Faz tempos que desconfiavam da "maldade" e o crime ecológico cometido contra o pé de abil, derrubado sem dó nem piedade.
E é justamente naquele local que está localizada as novas instalações da modalidade etílica d'O Berimbau, que vem perdendo espaço e localização para a padaria do mesmo nome. Celeumas à parte, o espaço está construído, pronto e acabado, portanto, não será com choro nem vela que irá resolver o problema. a mudança foi decidida democraticamente por Zé do Gás, do alto do seu coturno de diretor-presidente da Confraria.
Dentre as lamentações dos confrades, estão a importância dada a uma padaria, coisa de somenos importância, onde os clientes não fazem "piseiro" e apenas aparecem para comprar pão e outros assessórios, e até a "casa da lenha", depósito despropositado em local privilegiado. Mas está lá e não adianta chorar o leite derramado.
Já outros confrades até gostaram do novo local, a que acreditam apropriado para as reuniões sabática (por ser periódica, aos sábados), com o toque do sino à chegada dos confrades. Para esses, não é preciso estar exposto nas vitrines para praticar o esporte etílico e gastronômico entremeado de bate-papo, pois cachaceiro que se preza não faz fuxico ou fofoca.
E neste sábado, nada mais justo para justificar (isso mesmo) o tresloucado gesto de Zé do Gás do que ser servido com o que existe de mais gostoso da cozinha nordestina. Pelo que soube, buchada de bode, rabada, sarapatel e sobe e desce serão as especialidades da casa servidas por ocasião de tão nobre recepção aos confrades d'O Berimbau.

Folhas de jamaica pelo serviço expresso


Walmir Rosário*
Dias desses, por ocasião de uma das reuniões de sábado da Confraria do Berimbau, falei sobre a dificuldade de bebermos, em Canavieiras, uma boa cachaça de folha, da música “Tarde em Itapuã”, do poeta Vinícius de Moraes, que troquei para “cachaça de folha”. Nunca achamos as folhas boas que queremos ou uma cachaça destilada que se preze pela qualidade.
As duas juntas e engarrafadas que temos notícia não merece tanta confiança e credibilidade. Nada contra as folhagens (que geralmente se prestam para a mistura), mas o problema reside na qualidade da cachaça, nem sempre muito confiável por essas paragens. E a cachaça de folha tem que ser um “casamento perfeito”: boas folhas, ótima destilada.
Na minha reserva especial de cachaça sempre há espaço para as destiladas – descansadas ou não – de boa procedência. Sempre sentenciei como crime inafiançável misturar uma boa destilada com elementos estranhos, como o limão, que, comprovadamente, tem causado males diversos aos intestinos e estômagos mais delicados.
Mas sempre abri exceção para a mistura com as folhagens diversas, desde que não sejam amargas, a exemplo de “pau-de-rato”, “Milome”, “carqueja”, “boldo”, dentre outras. Não coloco o “jiló” no mesmo balaio, pois as histórias sobre essa mistura já causou alguns dissabores na masculinidade de alguns desavisados no bairro da Conceição, em Itabuna.
Já outras folhagens, do tipo mais amigável ao paladar, são sempre bem-vindas. A começar pela “catuaba”, “angico”, “jatobá”, cravo, canela, “angélica”, “alecrim”, “figo”, “gengibre” e até mesmo tempero pra peixe, uma mistura rica em alho, cebola em cabeça e verde, tomate, hortelã, pimentão e por aí a fora.
Em Itabuna, essas preciosidades sempre foram encontradas nas boas casas do ramo, aquelas não não economizam dois reais na hora de adquirir uma boa destilada para servir à seleta clientela. Exemplos que merecem ser lembrados são as “farmácias” de Dortas, na esquina do beco do Fuxico com o Calçadão da Ruy Barbosa, de Batutinha, no Médio Beco do Fuxico, e até de Ithiel Xavier, no início do bar no Alto Beco do Fuxico e que serviu de inspiração para a Confraria do mesmo nome.
Ainda no Alto Beco, na esquina da travessa Ithiel Xavier com a rua Duque de Caxias, estava implantada a mercearia de Alcides Rodrigues Roma, ponto de apoio da boemia frequentadora daquelas paragens. Ao lado dos sacos de milho e feijão, um cavalete com carne do sol e jabá (ambas com dois vistosos pelos), preferida para o tira-gosto entre uma cachacinha e outra.
Aliás, é bom que se diga que a especialidade da casa, era a “angélica”, considerada pelos consumidores a bebida sublime, a preferida dos clientes. E nada melhor do que uma jabá assada como prato de resistência. E não era preciso nenhum chef em culinária para prepará-la ao gostos dos fregueses.
Bastava apenas envolvê-la num papel pardo de embrulho, ensopar o pacote com bastante álcool 90 graus, colocá-lo no prato da balança e riscar o fósforo. Após o fogo apagado, desembrulhar a carne, bater com a faca na carne para tirar o excesso de sal e cortá-la em pequenas fatias. Pronto, com uma iguaria dessa qualidade não ficava ninguém com fome.
Num desses domingos em que todos se preparavam para ir ao futebol no Itabunão – era dia de Itabuna e Vasco da Gama –, eis que aparece uma visita ilustre na mercearia de Alcides Rodrigues Roma, tendo como anfitrião Paulo Fernando Nunes da Cruz, o Polenga. Era o então presidente vascaíno Eurico Miranda, que diante da fama da angélica e da jabá, desprezou o almoço do Pálace para experimentar o inusitado prato.
Mas preciso retomar o fio da meada, para não embaralhar a cabeça dos leitores com tantas informações, às vezes desencontradas e que podem levar ao coma alcoólico. Ante ao meu questionamento, de pronto, um amigo resolveu atender, em parte, minha solicitação, dizendo conhecer um pé de pimenta jamaica inexplorado, mantido por ele longe dos olhares de cachaceiros.
O receio de Antônio Alves (Tonhão, ou Tonhe Elefoa), técnico agrícola aposentado da Ceplac, é que a árvore venha a ser alvo dos consumidores de cachaça com folha e venham a desfolhá-la. Garantiu que supriria as minhas necessidades, colhendo algumas folhas, que seriam entregues em data próxima.
Nem bem passou uma semana e ao chegar em casa e vasculhar a caixa de correspondência para conferir a entrega dos Correios, me deparo com o compartimento cheio de folhas. Fiquei pasmo e pensei que seria um novo serviço dos Correios para tapar o rombo nas suas contas, mas abandonei a ideia por achar estapafúrdia.
Em seguida, meu pensamento voltou-se para as crianças vizinhas que brincam na rua tocando as campainhas e se escondendo que tinham feito mais uma travessura. Ao chegar mais perto para retirar as folhas, reconheci o cheiro das folhas de pimenta jamaica e fui me lembrar da promessa feita por Tonhão na Confraria do Berimbau.
Olhei para as folhas e já vislumbrei elas dentro de um litro misturadas com uma boa destilada – ainda não repousada – trazida do Bar do Jacaré, em Itajuípe, pelo amigo Cláudio da Luz. Um casamento perfeito, digno de saboreá-las ouvindo a música Tarde em Itapuã, tendo o cuidado de trocar as palavras cachaça de rolha por cachaça de folha.
* Apreciador das boas bebidas


segunda-feira, 9 de maio de 2016

VERSOS DE ANTANHO SOBRE O VINHO


Tu, que não bebes vinho,

não maldigas os que bebem.
Sê cortes,
sê indulgente,
sê humano!


Fôra eu senhor do Destino,
dono do passado e do futuro,
ter-me-ia então arrependido
e confessado a Allah
os meus pecados.


Mostras-te orgulhoso,
envaideces-te de não beber.


Insolente e hipócrita!
Fingiste relegar ao esquecimento
centenas de atos perversos,
e encobres as afrontas ao pudor
que diariamente praticas!

*Osmar Khaiame
 (séc. XI)